Em São Borja hoje foi a terceira tarde mais quente já registrada, desde o início das observações meteorológicas na cidade há mais de 100 anos
A intensa massa de ar quente que atua sobre o Cone Sul, em especial sobre algumas províncias do norte da Argentina, boa parte do RS e no setor oeste do Sul do Brasil, onde a chuva ainda não chegou, proporcionou uma jornada muito quente. No RS, cidades como São Borja e São Luiz Gonzaga, localizadas na Fronteira Oeste e nas Missões, registraram uma de suas maiores temperaturas, desde que começaram as observações em 1913. À tarde, os dois municípios registraram 40,5°C e 40,6°C respectivamente. Para se ter uma ideia, os maiores valores já observados em São Borja e São Luiz Gonzaga são de 41,8°C e 40,8°C, ambas datadas de 1944. Mas não foram só nesses municípios que o forte calor se fez presente, com marcas igualmente surpreendentes para novembro. Santa Rosa no noroeste gaúcho anotou a maior temperatura do RS na tarde desta quarta-feira (25): impressionantes 41,3ºC segundo os dados da estação meteorológica automática localizada no bairro planalto. Na estação automática do INMET de Santa Rosa fez 39,9ºC valor considerado o maior já observado desde a instalação em 2006. Em várias outras localidades gaúchas os termômetros ficaram acima dos 37ºC, como em Santo Cristo que anotou 40,8°C, Quevedos, Cerro Largo e Teutônia (39,8°C), Campo Bom (39,7°C), Restinga Seca, Taquara e Teutônia (39,1°C), São Martinho da Serra e Cruz Alta (38,8°C), Rio Pardo (38,7°C), Santa Cruz do Sul (38,6°C), Nova Santa Rita (38,5°C), Barra do Ouro, Venâncio Aires e Westfália (38,2ºC), Porto Alegre e Poço das Antas (37,8°C). Além dos valores aferidos estarem próximo dos 40°C, a intensa advecção de ar quente surpreendeu até mesmo em regiões litorâneas próximas a Lagoa dos Patos, como foi o caso de Pelotas (38°C), Barra do Ribeiro (37,2°C), Rio Grande (37,1°C).
No início da tarde, um problema com o envio de dados de centenas de estações meteorológicas automáticas privadas limitou esse levantamento, que foi baseado em sua grande maioria, por equipamentos mantidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). O forte calor hoje associado ao período prolongado de tempo seco, potencializou os focos de incêndio em diversas áreas entre a Argentina e a Fronteira oeste e noroeste do RS e os ventos do quadrante noroeste/norte associados a entrada de ar quente em baixos níveis da atmosfera (figura 3), favoreceram a propagação de material particulado e pluma de fumaça à diversas regiões do Rio Grande do Sul, como em Santa Maria (figura 1) e Santana do Livramento (figura 2).
Após o intenso calor diurno registrado em diferentes regiões gaúchas, neste momento áreas de instabilidade associadas a chuva e tormentas atuam em pontos da Fronteira do RS com o Uruguai e Argentina. E a frente de rajada, associada a “piscina fria das instabilidades”, já se propagada por áreas do Oeste e Centro-Sul do estado, provocando rajadas de vento de moderada a forte intensidade, como em São Vicente do Sul (75,2 km/h), São Gabriel (66,6 km/h), Alegrete (65,2 km/h) e São Borja (63,4 km/h), onde o ventos passaram a soprar do quadrante sul.
A animação das imagens de satélite do canal 13 (Infravermelho) do Goes-16 abaixo, mostram a presença de nuvens de maior desenvolvimento vertical (cores vermelhas) e descargas elétricas (pontos brancos) sobre áreas do RS e Argentina.