O mês de Março deve ser de chuvas abaixo da média em algumas regiões e acima em outras

O primeiro decêndio do mês de Março termina amanhã e a instabilidade até o momento está sendo caracterizada por se concentrar em áreas do leste de SC e do PR, onde o regime de chuvas nesta época é tradicionalmente maior se comparado às demais regiões do Sul do Brasil. Neste mesmo período, volumes mais abundantes de chuva também foram registrados em alguns trechos do interior do Paraná, SC e do norte/nordeste gaúcho. O mês que marca o início do outono climático e astronômico no Hemisfério Sul é caracterizado por registrar menos chuva em algumas áreas do centro/sul do RS, Uruguai e em algumas regiões do PR, como estima os mapas de reanálise (climatologia x observado).

Nesta terça-feira, a propagação de cavados (sistemas alongados de baixa pressão) em vários níveis da atmosfera pelo leste do Sul do Brasil, já é responsável por deixar a atmosfera instável com a ocorrência de pancadas localizadas de chuva acompanhadas de trovoadas em trechos do nordeste do RS, centro/leste de SC e do PR, incluindo sobretudo as regiões metropolitanas e áreas próximas de Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba. Na Capital Catarinense, desde ontem a noite, chuvas fortes a volumosas acompanhadas de trovoadas com rajadas de vento ocasionais, são registradas. Em pontos da Grande Florianópolis, os acumulados de chuva nas últimas 24h passam dos 110 mm. Essa condição de tempo com pancadas isoladas de chuva acompanhada de trovoadas ainda persiste neste final de tarde, sobretudo em trechos do nordeste do RS, incluindo pontos dos Vales, Serra Gaúcha e Litoral Norte, leste de SC, incluindo a Grande Florianópolis e todo Litoral, Alto e Médio Vale do Itajaí e regiões próximas. No PR, há condição para chuvas localizadas em diferentes regiões do centro/leste e nordeste do estado. A chuva no entanto não será regular e deve ser intercalada com períodos de melhoria.

Na quarta-feira, o aprofundamento de um sistema de baixa pressão atmosférica no Atlântico Sul próximo a costa Sul Brasileira em diferentes níveis da atmosfera, deve configurar uma “baixa fria” também conhecida por baixa desprendida, que é quando um sistema de baixa pressão se configura desde a superfície até os altos níveis da atmosfera. Essa circulação amplamente ciclônica ainda deve contribuir para um transporte de umidade do oceano para áreas do leste do RS, SC e PR, o que deve contribuir para chuvas fracas e passageiras ao longo do dia, intercalados com períodos de melhoria. No RS, áreas da Serra do Sudeste, Costa Doce próximo a Lagoa dos Patos, Grande Porto Alegre, região costeira e Serra Geral também estão inclusas. Entretanto, em pontos muito localizados, ainda não se descarta chuva mais forte e temporais muito isolados. Nas áreas mais a oeste do Sul do Brasil, não há risco de chuva e o tempo segue firme assim como nesta terça-feira. 

Esse sistema se afasta para alto mar ao longo do dia e à medida que isso ocorre, uma nova massa de ar seco passa a atuar sobre áreas do Sul do Brasil, mantendo o tempo predominantemente firme a partir de quinta-feira (11/03), proporcionando amplitude térmica mais acentuada ao longo do dia, com noites e madrugadas mais frias, especialmente em regiões de maior altitude e tardes amenas/quentes com gradativo aquecimento ao longo da semana.

As perspectivas apontam para uma diminuição drástica das chuvas nos próximos dias, assim como já vem ocorrendo em algumas áreas, com instabilidade menos frequente e de menos volume, além de mais irregular que em condições normais para a época na maioria das regiões, especialmente em zonas do Uruguai e do centro/sul do RS, onde a chuva foi escassa nas últimas semanas e a situação deve persistir. O fenômeno La Niña segue configurado no Pacífico Equatorial e em fase de decaimento, mas outros fatores além deste, devem continuar contribuindo para uma jornada de menos umidade do que o habitual em pelo menos metade de outono climático em áreas do Sul do Brasil e Uruguai. A condição de tempo mais firme com o predomínio de dias de sol, no entanto, deve contribuir para a colheita de muitas culturas já em andamento como o arroz e a soja nas próximas semanas.

Apesar da divergência de alguns dados, em meados da próxima semana, a atuação de novos sistemas de baixa pressão e o avanço de uma nova frente fria poderiam causar novos episódios de chuva em alguns trechos da região, mas sem a perspectiva de grandes volumes, sobretudo entre o Uruguai e o sudeste do RS, onde a chuva deve continuar fazendo falta, após um período de mais chuva entre o final de janeiro e início de fevereiro.

Projeções dos modelos de previsão de tempo: