por Sigma Meteorologia | em Previsão | 29/01/2021 11:56

Atmosfera no Sul do Brasil segue sob influência de ar quente e úmido de origem tropical, período de instabilidade persistente continua nos próximos dias

Atualizada às 12h07 min

Temporal se aproximando de Capão da Canoa no Litoral Norte gaúcho na última quarta-feira (27/01) em registro de Sérgio Ordobás.

Nesta sexta-feira, no final de semana e em pelo menos parte da próxima semana, o quadro de instabilidade deve persistir sobre áreas do Sul do Brasil. O corredor de ar quente e úmido de origem tropical deve seguir direcionado para a região, que combinado com perturbações no escoamento na atmosfera superior e em superfície, como a presença de cavados (sistemas alongados de baixa pressão atmosférica) e outros fatores de menor escala, contribuirão para um ambiente atmosférico instável com condição para formação de nuvens de maior desenvolvimento vertical, em alguns pontos com temporais localizados, capazes de provocar expressivos acumulados de chuva, fortes rajadas de vento e eventual precipitação de granizo, especialmente na segunda metade do dia. Nesta sexta-feira, trechos do sul do RS é que estarão sujeitos a temporais isoladamente mais intensos, apesar da condição de instabilidade se prolongar pelas demais regiões do estado e de SC e do PR.

Em função do quadro de instabilidade aguardado e da maior quantidade de nuvens sobre os três estados do Sul do país nos próximos dias, não são aguardadas temperaturas superiores aos 32°C/33°C de maneira generalizada. Muito pelo contrário, o aquecimento tende a ser menos expressivo e mais pontual, apesar de marcas próximas dos 30°C combinada com índices elevados de umidade relativa do ar, proporcionarem elevada sensação de abafamento com índice de calor consideravelmente mais alto que a própria temperatura do ambiente. 

Novos episódios como o de Santa Cruz do Sul podem se repetir?

Eventos pontuais de chuva excessiva e extrema são muito difíceis de serem previstos, ainda mais no verão, onde a termodinâmica (aquecimento), disponibilidade de umidade e efeitos locais exercem papel fundamental no processo de formação dos núcleos localizados de instabilidade. O que queremos dizer é que regionalmente até pode se prever que há condição para elevados acumulados de chuva, afirmar no entanto, o quanto vai chover (mm) em um determinado intervalo de tempo e em qual cidade/ponto se dará o evento é muito difícil e só pode ser feito e mesmo assim com muita dificuldade, com o auxílio de algumas ferramentas via Nowcasting (previsão de curto prazo). Além do mais, as ferramentas hoje disponíveis, em especial os modelos meteorológicos, inclusive os de maior resolução, trabalham com uma limitação muito grande de dados observados necessários para assimilação, o que dificulta ainda mais previsões de tempo dessa magnitude no Brasil. Durante essa época do ano em que chuvas com essa característica são comuns, as famosas “chuvas de verão” que ocorrem em alguns pontos e outros não, esses eventos não são incomuns e ocorrem com boa frequência. 

Neste mês de janeiro de 2021 em especial, alguns municípios dos três estados do Sul do Brasil já experimentaram aguaceiros fenomenais em curto período de tempo, com escalas diária e horária como foi o caso dos municípios de Santana do Livramento e Lavras do Sul na Campanha gaúcha que registraram mais do que a chuva esperada para todo mês de janeiro em apenas poucas horas no último dia 16/01 e agora Santa Cruz do Sul e localidades próximas, que registraram acumulados entre 100 e 125 mm num intervalo de apenas 1h, ou simplesmente de 60 a 70% da chuva de todo mês em apenas 60 minutos.

Na análise da Sigma Meteorologia, novos eventos pontuais de chuva forte/extrema podem voltar a se repetir em trechos do RS e também em algumas áreas de SC e do PR, já castigadas pela jornada prolongada de eventos de chuva forte a volumosa. Por isso, a situação deve seguir exigindo atenção por parte das autoridades competentes e que fazem o acompanhamento da situação de rios, arroios e córregos, além de áreas suscetíveis a deslizamentos de terra ou a alagamentos e enchentes repentinas. Afirmar, no entanto, quais serão os locais a registrarem novos episódios dessa magnitude é um tanto difícil. Mas você pode acompanhar nos mapas abaixo, de maneira geral, os acumulados de chuva aguardados para os próximos dias em áreas do Uruguai, Argentina e Sul do Brasil. 

Projeção de precipitação acumulada do modelo WRF/CPTEC entre hoje e a manhã da próxima segunda-feira.
Projeção de chuva acumulada (mm) por diferentes modelos meteorológicos entre hoje a próxima quinta-feira.
Projeção de chuva acumulada (mm) por diferentes modelos meteorológicos entre hoje e o final de semana.
Previsão de chuva acumulada média (mm) entre hoje e o final de semana.
Previsão de chuva acumulada média (mm) entre hoje e a próxima quinta-feira.
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