por Sigma Meteorologia | em Previsão | 01/02/2021 17:39

Chuvas pontualmente volumosas e temporais devem se concentrar entre terça e quinta-feira

Temporal avançando por pontos da zona urbana de Pelotas por volta das 17h30 minutos de hoje em registro do Meteorologista Leonardo Calvetti.

Os primeiros dias do mês de fevereiro começam com condição de tempo não muito diferente do que já vem se observando nas últimas semanas no Sul do Brasil, com a persistência do fluxo de ar quente e úmido de origem tropical (região Amazônica) direcionado para o RS, SC e PR, além da presença de perturbações no escoamento dos ventos nos níveis mais elevados da troposfera, o que contribui para uma jornada marcada por dias quentes, úmidos e com sensação de abafamento em muitas áreas e como consequência, na formação de áreas de instabilidade e temporais localizados, especialmente entre os períodos da tarde e noite.

Esse padrão, no entanto, deve mudar ainda nesta semana, com a propagação de uma nova frente fria que deve ser impulsionada pelo Sul do Brasil com a formação de um novo Ciclone Extratropical no Oceano Atlântico, próximo a costa Sul Brasileira. Na retaguarda desta frente fria, que deve avançar pelos três estados do Sul do país entre o final da quarta e ao longo da quinta-feira, provocando chuvas e temporais localizados, uma massa de ar seco e frio de origem polar associada a um sistema de alta pressão atmosférica, deve se aproximar pelo Uruguai e Argentina, garantindo o retorno do tempo seco e firme, além do declínio das temperaturas de forma gradativa para algumas áreas já a partir do final da quinta-feira e principalmente no decorrer da sexta e do próximo final de semana. 

Quando chove? Onde a condição de temporais é maior?

Projeção do modelo WRF 5 km para refletividade entre o início da noite de hoje e a próxima quarta-feira. Os valores > 45/50 dBZ no mapa indicam risco potencial para tempestades.

Nesta segunda-feira (01), o destaque serão os temporais que podem ocorrer de forma mais localizada sobre áreas da fronteira do RS com o Uruguai. Devido o avanço de um cavado de onda curta nos médios níveis da atmosfera sobre essa região, somado com o escoamento difluente no escoamento em altos níveis e a presença da advecção de umidade em superfície, há condições para ocorrência de queda de granizo e rajadas de vento > 70 km/h por onde houver a passagem dessas células de tempestades, mas reiteramos que são temporais isolados, ou seja, em uma determinada região chove e poucos quilômetros adiante não, é uma condição totalmente típica da época, por isso é de suma importância acompanhar os avisos meteorológicos de curto prazo para saber com mais precisão onde pode haver temporais.

Sobre as demais regiões do RS, o sol atua entre nuvens e a probabilidade de alguma pancada de chuva é baixa. Em SC, a condição para instabilidades fica mais restrita no nordeste do estado, onde pode haver pancadas de chuva acompanhadas de trovoadas. No PR, um Sistema Convectivo de Mesoescala (SCM) atua desde o início da manhã no centro-oeste do estado, provocando chuva acompanhada de descargas elétricas atmosféricas.

A partir da terça-feira (02), por conta da intensificação de um sistema de baixa pressão pelo interior do continente e a presença de um cavado invertido em superfície, haverá a formação de um novo SCM no Paraguai, que deve favorecer a formação de novas áreas de instabilidades já pela manhã em trechos da fronteira oeste e noroeste do RS, oeste de SC e oeste/sudoeste do PR, onde há possibilidade de temporais acompanhados de queda de granizo em pontos mais isolados e rajadas de vento. Ao longo da terça-feira, as áreas de instabilidade se espalham pelas demais regiões dos estados do RS, PR e SC, e há condições para temporais de forma mais localizada, em grande parte da região sul.

Na quarta-feira (03), haverá a formação de um sistema de baixa pressão entre o Uruguai e o RS que deve favorecer a formação de novas áreas de instabilidade e elevados acumulados de chuva de forma mais localizada, principalmente em trechos da metade sul do estado, onde as instabilidades fica mais concentradas ao longo do dia, e os acumulados podem ficar acima dos 75/100 mm.

Entre a quarta e quinta-feira (04), o sistema de baixa pressão se aprofunda sobre o oceano atlântico adjacente e deve dar origem a um Ciclone Extratropical, em paralelo a isso, haverá a formação de uma nova frente fria que avança sobre o Sul do Brasil a partir de quinta-feira. Por conta do avanço da massa de ar seco na retaguarda do sistema frontal, não haverá condição para chuva sobre a fronteira oeste do RS e as áreas de instabilidade com condição para temporais isolados ficam mais concentradas na metade leste do RS, grande parte do estado de SC e do PR.

Na sexta-feira (05) a massa de ar seco avança sobre grande parte do sul do Brasil inibindo a formação de nuvens e ocorrência de pancadas de chuva, condição que fica mais restrita apenas na faixa leste do RS, SC e PR, onde ainda pode haver alguma pancada rápida e passageira devido a circulação ciclônica sobre o oceano.

Projeção de diferentes modelos meteorológicos para precipitação acumulada (mm) entre essa segunda e a manhã da próxima sexta-feira. A Sigma reitera no entanto, que episódios localizados de chuva podem aumentar consideravelmente os volumes previstos em uma determinada localidade/região.

Formação de Ciclone Extratropical

De acordo com os últimos dados atualizados nesta segunda-feira (01), a maioria dos modelos numéricos de previsão do tempo sugerem uma Ciclogênese Extratropical (formação de um ciclone) sobre o Oceano Atlântico na quinta-feira (04). Alguns modelos, não todos, indicam um risco potencial para o desenvolvimento de um ciclone com características explosivas com um rápido aprofundamento num intervalo de 24 horas entre a latitude de 32°S e 34°S. Esse sistema, no entanto, apesar de não estar localizado muito próximo à costa durante sua intensidade máxima, pode ocasionar rajadas de vento na ordem de 60 a 80 km/h em áreas do litoral sul e extremo sul gaúcho, incluindo trechos da Costa Doce e do leste/sudeste do Uruguai. No entanto, a Sigma Meteorologia reitera que ainda há divergências dos modelos quanto ao posicionamento e a intensidade desse sistema, dados que são primordiais para o prognóstico das áreas mais suscetíveis ao impacto desse ciclone. Por isso, enfatizamos que é necessário o acompanhamento das próximas atualizações, para informações mais corretas.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Ciclones explosivos ou “bomba” como são conhecidos na literatura norte-americana são relativamente comuns no inverno em regiões de latitudes médias, afetando as áreas entre a costa do litoral sul gaúcho e da Bacia do Rio da Prata, no entanto, na maioria das vezes dependendo da sua intensidade que pode ser fraco, moderado ou forte e da trajetória, não chega a causar grandes impactos no continente, como é o caso de agora, em que teríamos um ciclone explosivo fraco, levando em consideração os dados mais confiáveis da última atualização.

Declínio das temperaturas

O declínio das temperaturas tem início já na quinta mas será mais efetivo a partir de sexta-feira com a aproximação da massa de ar seco e frio de origem polar. Na tarde de quinta-feira, alguns modelos sugerem temperaturas mais baixas em trechos do centro/leste/sul/sudeste do Uruguai e do leste/sudeste do RS, incluindo a Serra gaúcha em função do ingresso do ar mais frio e do predomínio de uma maior quantidade de nuvens com chuvas fracas/moderadas ocasionais associadas à circulação ciclônica próximo à costa dessas duas regiões. Além disso, várias áreas entre SC e o PR que estariam sob condição de chuvas e maior quantidade de nuvens associadas ao avanço da frente fria também teriam temperaturas mais baixas se comparada aos dias anteriores.

Na sexta-feira e principalmente no final de semana, a massa de ar frio e seco deve proporcionar um resfriamento mais significativo entre as noites e madrugadas com marcas entre 10°C e 15°C na maioria das regiões. Em regiões de maior altitude e de baixadas, no entanto, se os dados de hoje se confirmarem, até mesmo marcas próximas ou inferiores aos 5°C não podem ser descartadas, sobretudo em áreas da Serra Catarinense no domingo.

Projeção do modelo Canadense CMC para temperaturas no amanhecer da próxima sexta-feira (05/02)
Projeção do modelo Canadense CMC para temperaturas no amanhecer do próximo sábado (06/02)
Projeção do modelo Canadense CMC para temperaturas no amanhecer do próximo domingo (07/02)
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