por Fernando Rafael | em Especial | 30/11/2020 02:10

Apesar das instabilidades terem sido “generosas” em algumas regiões, a chuva volumosa não chegou para todos no Sul do Brasil e Uruguai

O último final de semana do mês de novembro foi marcado por muitos alertas e boletins meteorológicos relacionados as condições favoráveis a tempo severo e tempestades em pontos do Cone Sul (Uruguai, Argentina e áreas do Sul do Brasil), o que de fato se confirmou em diversos pontos destas regiões, com a ocorrência de chuvas fortes e volumosas acompanhadas de intensa atividade elétrica (raios), vento e granizo. E os sistemas convectivos, associados a aglomerados de nuvens de tempestade, foram responsáveis por fazer com que esse mês não terminasse de maneira trágica, do ponto de vista de déficit hídrico (ausência de chuva), sobretudo para a pecuária, agricultura e abastecimento em algumas regiões. 

CHAPECÓ/SC - Em (A): 23/11 e em (B): neste domingo (29/11). Fonte: ND+ Chapecó.

No entanto, apesar de ter chovido e muito em alguns pontos, as chuvas em grande volume não chegaram para todos e tampouco resolveram o problema da estiagem em andamento mais intensa no setor oeste do Sul do Brasil.  A característica localizada das chuvas (concentrada em determinados pontos)mais comum a partir do final da primavera climatológica (final de novembro) e mau espacializada no tempo, associada a pancadas torrenciais e de curta duração com baixa adesão dessa água pelo solo por infiltração, são alguns dos fatores que mantém, apesar do alívio, a estiagem em andamento mesmo nessas regiões. Senão bastasse, são vários meses (desde Agosto) com precipitações muito irregulares e bem abaixo da média, como foi o caso do Oeste Catarinense e do Noroeste gaúcho, as regiões mais beneficiadas pelas chuvas deste final de semana. 

CHAPECÓ/SC - Em (A): A seca que atingiu a região não era vista há mais de 15 anos. Em alguns momentos, o nível do Lajeado São José chegou a 10%. Em (B): Cenário neste domingo é de 100% da capacidade do lago. Fonte: ND+ Chapecó.

Em Santa Catarina, de acordo com as estações pluviométricas mantidas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), EPAGRI/CIRAM e estações particulares, os maiores volumes de chuva registrados nas últimas 48h (até o início da madrugada desta segunda-feira): 

  1. Iporã do Oeste: 161 mm, sendo 150 mm só no domingo. Alguns lugares do interior deste município registraram quase 200 mm acumulados.
  2. Itapiranga: 122 mm
  3. Caibi: 117 mm
  4. Mondaí: 102 mm
  5. Chapecó: 98 mm
  6. Água Doce: 92 mm
  7. Palmitos: 85,2 mm
  8. Lindóia do Sul: 83,6 mm
  9. Alpestre: 73 mm
  10. Maravilha: 70 mm
  11. São Miguel do Oeste: 65 mm

No Rio Grande do Sul, de acordo com estações do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), CEMADEN, EPAGRI e particulares, os maiores acumulados no final de semana foram: 

  1. Porto Xavier: 172,7 mm (toda essa chuva somente neste domingo)
  2. Santo Cristo: 138,2 mm
  3. Horizontina: 109,6 mm
  4. São Martinho: 96,8 mm
  5. Erechim: 87 mm
  6. Santa Rosa: 85 mm
  7. Iraí e Vacaria: 80 mm
  8. Caxias do Sul: 79,6 mm
  9. Nonoai: 78 mm
  10. Redentora: 75 mm
  11. Alegrete: 70 mm

Apesar dos volumes mais significativos em pontos do setor oeste e noroeste destes estados, a grande maioria dos municípios do RS e de SC registraram chuvas muito irregulares, mau distribuídas e de acumulado < 30/40 mm no período. Situação semelhante foi observada no Uruguai, com os maiores volumes de chuva concentrados em departamentos próximas a divisa com a Argentina e tríplice fronteira. 

CHAPECÓ/SC - Em (A) Para dar conta do abastecimento no município, a Casan implantou o rodizio de água a cada 24 horas. Porém, com a chuva das últimas horas, a manobra foi suspensa. Em (B): Em Chapecó, nas últimas 48 horas, choveram mais de 100 milímetros. Fonte: ND+ Chapecó.
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Meteorologista