Apesar das instabilidades terem sido “generosas” em algumas regiões, a chuva volumosa não chegou para todos no Sul do Brasil e Uruguai
O último final de semana do mês de novembro foi marcado por muitos alertas e boletins meteorológicos relacionados as condições favoráveis a tempo severo e tempestades em pontos do Cone Sul (Uruguai, Argentina e áreas do Sul do Brasil), o que de fato se confirmou em diversos pontos destas regiões, com a ocorrência de chuvas fortes e volumosas acompanhadas de intensa atividade elétrica (raios), vento e granizo. E os sistemas convectivos, associados a aglomerados de nuvens de tempestade, foram responsáveis por fazer com que esse mês não terminasse de maneira trágica, do ponto de vista de déficit hídrico (ausência de chuva), sobretudo para a pecuária, agricultura e abastecimento em algumas regiões.
No entanto, apesar de ter chovido e muito em alguns pontos, as chuvas em grande volume não chegaram para todos e tampouco resolveram o problema da estiagem em andamento mais intensa no setor oeste do Sul do Brasil. A característica localizada das chuvas (concentrada em determinados pontos)mais comum a partir do final da primavera climatológica (final de novembro) e mau espacializada no tempo, associada a pancadas torrenciais e de curta duração com baixa adesão dessa água pelo solo por infiltração, são alguns dos fatores que mantém, apesar do alívio, a estiagem em andamento mesmo nessas regiões. Senão bastasse, são vários meses (desde Agosto) com precipitações muito irregulares e bem abaixo da média, como foi o caso do Oeste Catarinense e do Noroeste gaúcho, as regiões mais beneficiadas pelas chuvas deste final de semana.
Em Santa Catarina, de acordo com as estações pluviométricas mantidas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), EPAGRI/CIRAM e estações particulares, os maiores volumes de chuva registrados nas últimas 48h (até o início da madrugada desta segunda-feira):
- Iporã do Oeste: 161 mm, sendo 150 mm só no domingo. Alguns lugares do interior deste município registraram quase 200 mm acumulados.
- Itapiranga: 122 mm
- Caibi: 117 mm
- Mondaí: 102 mm
- Chapecó: 98 mm
- Água Doce: 92 mm
- Palmitos: 85,2 mm
- Lindóia do Sul: 83,6 mm
- Alpestre: 73 mm
- Maravilha: 70 mm
- São Miguel do Oeste: 65 mm
No Rio Grande do Sul, de acordo com estações do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), CEMADEN, EPAGRI e particulares, os maiores acumulados no final de semana foram:
- Porto Xavier: 172,7 mm (toda essa chuva somente neste domingo)
- Santo Cristo: 138,2 mm
- Horizontina: 109,6 mm
- São Martinho: 96,8 mm
- Erechim: 87 mm
- Santa Rosa: 85 mm
- Iraí e Vacaria: 80 mm
- Caxias do Sul: 79,6 mm
- Nonoai: 78 mm
- Redentora: 75 mm
- Alegrete: 70 mm
Apesar dos volumes mais significativos em pontos do setor oeste e noroeste destes estados, a grande maioria dos municípios do RS e de SC registraram chuvas muito irregulares, mau distribuídas e de acumulado < 30/40 mm no período. Situação semelhante foi observada no Uruguai, com os maiores volumes de chuva concentrados em departamentos próximas a divisa com a Argentina e tríplice fronteira.