por Sigma Meteorologia | em Previsão | 02/09/2021 21:32

A estação das flores já começou. A chuva e os temporais devem se concentrar em regiões do Cone Sul e em áreas do norte do Brasil nos próximos dias. Confira a projeção dos volumes de chuva para 10 dias.

A média dos modelos meteorológicos de previsão sub sazonal indicam uma primavera com menos chuva no Cone Sul e mais úmida no centro/norte do país. A previsão, no entanto, requer novas atualizações nas próximas semanas. Fonte: NOAA. 

Desde ontem, 1° de setembro, já estamos no período que chamamos de “primavera climática” no Sul do Brasil, que compreende os meses de setembro, outubro e novembro ou também, trimestre SON. Diferentemente do astronômico, que leva em consideração a inclinação do sol e começa oficialmente durante o próximo equinócio no dia 22/09, o climático considera por linhas gerais, os padrões de circulação da atmosfera e condições de temperatura, ventos, etc, observados. No entanto, o que se observa na prática, é que a data de início e fim dessas estações costumam oscilar um pouco de um ano para outro. Uma prova disso, é que ao observar os padrões hoje vigentes na atmosfera, é possível afirmar que a Primavera já começou no Sul do Brasil antes mesmo do mês de setembro começar. 

A estação das flores costuma ter grandes oscilações térmicas e repentinas “virações no tempo”, isso porque é um período que marca a transição do período frio para o calor e, por isso, o encontro de massas de ar de características distintas, tendem a se intensificar nesse período, o que reflete na maior frequência de Ciclones Extratropicais e de temporais na região de latitudes médias, em situações normais. Além de dinâmica, a estação é muito importante para a agricultura, pois marca o período de plantio de muitas culturas de verão e a quebra de gemas vegetativas e a polinização de muitas culturas frutíferas de clima temperado. Além disso, a estação também marca o retorno gradativo das chuvas no Brasil Central, que nos últimos anos tem sofrido com as estiagens mais prolongadas e extremas, o que tem agravado as queimadas e levado a principal matriz energética e de abastecimento do Brasil - hidrelétricas, rios e barragens, respectivamente, a beira do colapso. 

É por esse e muitos outros motivos que fazer um bom planejamento nesta época é de extrema importância e a ocorrência de eventos extremos, como geadas tardias, jornadas muito secas ou chuvosas, dependendo da região, tem impacto direto na economia e nos mais variados setores. A Primavera de 2021 começa com ENOS (El Niño-Oscilação Sul) Neutro no Oceano Pacífico Equatorial mas em resfriamento, com a promessa de desenvolvimento de uma La Niña no decorrer da estação e ainda durante o próximo verão. Mas nem tudo é El Niño ou La Niña, afinal outras oscilações de menor frequência, também exercem um papel muito importante na circulação geral da atmosfera e são responsáveis por favorecer ou atenuar os efeitos gerados pelo fenômeno ENOS. 

Crescem as expectativas para reconfiguração de uma La Niña no Pacífico Equatorial ao longo desta primavera e que deve perdurar durante o próximo verão.

Disto isso, o que esperar da Primavera 2021 no Sul do Brasil? A estação começa com temperaturas acima da média para a época em grande parte do Sudeste e do Sul do Brasil. Incursões tardias de ar frio, capazes de provocar geadas mais localizadas ainda podem ocorrer, mas devem ser rápidas. O calor também deve se fazer presente e intrusões muito fortes de ar quente de origem tropical para a época também podem ocorrer sobre a região. Os extremos, no entanto, só são melhor previstos com relativa antecedência.

Sem grandes novidades, assim como as anteriores, a previsão de chuvas para essa estação será um desafio. Apesar da projeção de chuvas dentro a acima da média para o centro/norte do Brasil e abaixo da média no Sul, os eventos extremos de chuva podem ter impacto direto nessas previsões, como é o caso do RS, cujo início da estação (setembro) pode ser um pouco mais chuvoso do que o normal, com condições mais secas durante (outubro) e ao final do período (novembro). Essas condições tem reflexo direto na frequência dos eventos de chuva e nos temporais, que embora sejam menos frequentes, irregulares e mais espaçados no tempo, podem ser mais expressivos e intensos quando ocorrerem, em alguns casos no Sul do país. Em grande do centro/norte do país, por outro lado, as chuvas tendem a ser mais frequentes, fortes e volumosas que em condições normais, o que deve ascende um sinal mais forte para os impactos gerados por eventos extremos de precipitação e temporais mais recorrentes.  

Chuva em 10 dias

Nos próximos 10 dias, o que se indica é chuva e umidade concentrada entre algumas regiões da Argentina e Paraguai, do Uruguai e do Sul, além de áreas do Norte do Brasil. No Sul do Brasil, instabilidade mais generalizada com chance de temporais é aguardado para o próximo sábado (04/09). Na próxima semana, mais precisamente entre segunda e quarta-feira, no entanto, alguns modelos sugerem um novo episódio de chuva ainda mais forte e volumoso, com condição favorável para tempestades entre o Uruguai e RS. O aprofundamento de um sistema de baixa pressão sobre o estado que daria origem a um Ciclone Extratropical profundo no Atlântico Sul, além da formação de uma nova frente fria, seriam alguns dos sistemas meteorológicos que reforçariam as instabilidades. A posição das chuvas e desse evento, entretanto, ainda está indefinida e deve receber novas atualizações nos próximos dias. No mesmo período, grande parte do Brasil Central seguiria enfrentando condições mais secas com a ausência de chuvas. 

Confira abaixo, a projeção do volume de chuvas por diferentes modelos meteorológicos nos próximos 10 dias pelo Brasil. 

Modelo Europeu (ECMWF): Previsão de chuva acumulada (mm) nos próximos 10 dias. 
Modelo Europeu (ECMWF): Previsão de anomalia de chuva (mm) nos próximos 10 dias. 
Modelo norte-americano (GFS): Previsão de chuva acumulada (mm) nos próximos 10 dias. 
Modelo norte-americano (GFS): Previsão de anomalia chuva acumulada (mm) entre amanhã e 11/09.
Modelo canadense (CMC): Previsão de chuva acumulada (mm) nos próximos 10 dias. 
Modelo norte-americano (GFS): Previsão de anomalia de chuva (mm) nos próximos 10 dias. 
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