por Sigma Meteorologia | em Previsão | 20/05/2021 01:03

Na madrugada desta quinta-feira, áreas de instabilidade com chuvas e trovoadas já atuavam entre as províncias Argentinas de Entre Ríos e Corrientes e a Fronteira sudoeste e oeste do RS

Após um longo período com predomínio de tempo firme com a persistência da atuação de massas de ar seco sobre o Sul do Brasil, o que tem dificultado a ocorrência de chuvas e vem intensificando o déficit hídrico do solo,  a instabilidade já retorna a algumas áreas do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. Ao longo desta quinta-feira (20/05), a intensificação de uma área alongada de baixa pressão atmosférica (cavado) em superfície e do transporte de ar quente e úmido de origem tropical sobre o interior do continente deve contribuir para a formação de nuvens de chuva sobre várias áreas do RS, sobretudo entre a Campanha, Fronteira Oeste, Centro do estado e Vales, incluindo a Grande Porto Alegre. Mesmo nas demais regiões gaúchas, como na Serra, norte, noroeste e sul, não se descarta a ocorrência de pancadas de chuva passageiras acompanhadas de trovoadas, intercalados com períodos de melhoria com grande quantidade de nuvens. 

Apesar da previsão de chuva, a condição para temporais é baixa e se ocorrerem, devem ser muito localizados. Nos locais onde a instabilidade for mais persistente, não espera-se aquecimento e a tarde deve ser fria com marcas próximas/inferiores aos 15°C.

Temperaturas projetadas pelo modelo regional WRF para a tarde desta quinta-feira (20/05).

A partir da sexta-feira (21) haverá a configuração de um cenário complexo sobre o Cone Sul, devido o deslocamento de um cavado inclinado negativamente em médios/altos níveis sobre a Argentina e o Uruguai, além do aprofundamento da Baixa do Noroeste Argentino (BNOA) em superfície pelo interior do continente, estendendo um cavado invertido com eixo entre o Uruguai e o oeste do RS, esse pacote somado com a presença de difluência no escoamento em 250 hPa e a atuação de forçantes termodinâmicas restritas a algumas áreas, irá favorecer a formação de uma possível linha de instabilidade pré-frontal entre o período da tarde e noite de sexta-feira (21), esse sistema deve se formar entre o noroeste gaúcho, Província de Misiones e o sul do Paraguai, propagando pela faixa norte e leste do RS, além de grande parte do estado de SC e do PR (principalmente o centro-oeste desses dois estados). 

Animação da refletividade simulada pelo modelo regional WRF 5 km entre a tarde de sexta-feira (21) a manhã de sábado (22).
Animação do campo de rajada de vento a 10 metros do modelo regional WRF 5 km entre a tarde de sexta-feira (21) a manhã de sábado (22).

Com o avanço desse sistema teremos atuação de rajadas de ventos que podem ser fortes em alguns pontos (acima dos 70 km/h) principalmente em trechos do norte do RS, oeste e meio-oeste de SC e sudoeste do PR, além disso, há condições para queda de granizo e descargas elétricas atmosféricas em pontos isolados dessas regiões.

Projeção de chuva acumulada (mm) nos próximos dias por diferentes modelos de previsão do tempo determinísticos.
Precipitação acumulada (mm) pelo modelo ECMWF.

Ciclone extratropical 

O sistema de baixa pressão deve evoluir ao longo do sábado para um ciclone extratropical. O sistema deve se aprofundar sobre a foz do Rio da Prata, entre o leste da Argentina e sul do Uruguai e influenciar as condições de tempo sobre o leste da Argentina, Uruguai e RS. No momento, não existe indicativo de que se trata de um ciclone explosivo ou ciclone bomba, uma vez que o sistema deve cair nas primeiras 24 horas cerca de 10 hPa (1002 hPa para 992 hPa) e nas 24 horas seguintes cerca de 5 hPa (992 hPa para 987 hPa), portanto, taxa insuficiente para ser considerado explosivo. De acordo com o método proposto por Sanders e Gyakum (1980) um ciclone extratropical para ser considerado bomba deve apresentar queda de 17 hPa na latitude 35/36°S. No entanto, espera-se aumento da velocidade do vento e agitação marítima. 

Rajadas de vento (km/h) projetadas pelo modelo ECMWF.

No sábado, o vento de quadrante oeste/noroeste sopra com rajadas entre 50/80 km/h no Oeste, Sul, Campanha e Leste do RS, com marcas pontualmente acima. No mesmo dia, as rajadas podem alcançar valores entre 80/100 km/h no extremo leste da Argentina (leste da província de Buenos Aires) e sul do Uruguai, e entre 60/80 km/h no interior do Uruguai, não se descartando velocidades acima dos ranges citados para estas regiões mencionadas. No domingo, no extremo leste da província de Buenos Aires, Sul, Centro-leste do Uruguai, Litoral Sul e Médio do RS as rajadas podem ficar entre 80/100 km/h, com valores pontualmente acima. Enquanto isso, no Sul, Campanha, Leste (sobretudo orla da Lagoa dos Patos e incluindo também a grande POA) e Litoral Norte entre 70/90 km/h, também com valores pontuais acima nestas regiões. No Centro, Planalto Médio e Serra Gaúcha entre 50/70 km/h. Em alto mar as rajadas podem passar dos 110 km/h, o que somado com a agitação marítima, traz risco aos navegadores e inviabiliza esportes náuticos. Essa agitação marítima deve trazer ressaca, sobretudo entre o domingo e a segunda-feira, entre o litoral da Argentina, Uruguai, RS e SC e com menor intensidade nos litorais do PR, SP e RJ. 

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