Na madrugada desta quinta-feira, áreas de instabilidade com chuvas e trovoadas já atuavam entre as províncias Argentinas de Entre Ríos e Corrientes e a Fronteira sudoeste e oeste do RS
Após um longo período com predomínio de tempo firme com a persistência da atuação de massas de ar seco sobre o Sul do Brasil, o que tem dificultado a ocorrência de chuvas e vem intensificando o déficit hídrico do solo, a instabilidade já retorna a algumas áreas do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. Ao longo desta quinta-feira (20/05), a intensificação de uma área alongada de baixa pressão atmosférica (cavado) em superfície e do transporte de ar quente e úmido de origem tropical sobre o interior do continente deve contribuir para a formação de nuvens de chuva sobre várias áreas do RS, sobretudo entre a Campanha, Fronteira Oeste, Centro do estado e Vales, incluindo a Grande Porto Alegre. Mesmo nas demais regiões gaúchas, como na Serra, norte, noroeste e sul, não se descarta a ocorrência de pancadas de chuva passageiras acompanhadas de trovoadas, intercalados com períodos de melhoria com grande quantidade de nuvens.
Apesar da previsão de chuva, a condição para temporais é baixa e se ocorrerem, devem ser muito localizados. Nos locais onde a instabilidade for mais persistente, não espera-se aquecimento e a tarde deve ser fria com marcas próximas/inferiores aos 15°C.
A partir da sexta-feira (21) haverá a configuração de um cenário complexo sobre o Cone Sul, devido o deslocamento de um cavado inclinado negativamente em médios/altos níveis sobre a Argentina e o Uruguai, além do aprofundamento da Baixa do Noroeste Argentino (BNOA) em superfície pelo interior do continente, estendendo um cavado invertido com eixo entre o Uruguai e o oeste do RS, esse pacote somado com a presença de difluência no escoamento em 250 hPa e a atuação de forçantes termodinâmicas restritas a algumas áreas, irá favorecer a formação de uma possível linha de instabilidade pré-frontal entre o período da tarde e noite de sexta-feira (21), esse sistema deve se formar entre o noroeste gaúcho, Província de Misiones e o sul do Paraguai, propagando pela faixa norte e leste do RS, além de grande parte do estado de SC e do PR (principalmente o centro-oeste desses dois estados).
Com o avanço desse sistema teremos atuação de rajadas de ventos que podem ser fortes em alguns pontos (acima dos 70 km/h) principalmente em trechos do norte do RS, oeste e meio-oeste de SC e sudoeste do PR, além disso, há condições para queda de granizo e descargas elétricas atmosféricas em pontos isolados dessas regiões.
Ciclone extratropical
O sistema de baixa pressão deve evoluir ao longo do sábado para um ciclone extratropical. O sistema deve se aprofundar sobre a foz do Rio da Prata, entre o leste da Argentina e sul do Uruguai e influenciar as condições de tempo sobre o leste da Argentina, Uruguai e RS. No momento, não existe indicativo de que se trata de um ciclone explosivo ou ciclone bomba, uma vez que o sistema deve cair nas primeiras 24 horas cerca de 10 hPa (1002 hPa para 992 hPa) e nas 24 horas seguintes cerca de 5 hPa (992 hPa para 987 hPa), portanto, taxa insuficiente para ser considerado explosivo. De acordo com o método proposto por Sanders e Gyakum (1980) um ciclone extratropical para ser considerado bomba deve apresentar queda de 17 hPa na latitude 35/36°S. No entanto, espera-se aumento da velocidade do vento e agitação marítima.
No sábado, o vento de quadrante oeste/noroeste sopra com rajadas entre 50/80 km/h no Oeste, Sul, Campanha e Leste do RS, com marcas pontualmente acima. No mesmo dia, as rajadas podem alcançar valores entre 80/100 km/h no extremo leste da Argentina (leste da província de Buenos Aires) e sul do Uruguai, e entre 60/80 km/h no interior do Uruguai, não se descartando velocidades acima dos ranges citados para estas regiões mencionadas. No domingo, no extremo leste da província de Buenos Aires, Sul, Centro-leste do Uruguai, Litoral Sul e Médio do RS as rajadas podem ficar entre 80/100 km/h, com valores pontualmente acima. Enquanto isso, no Sul, Campanha, Leste (sobretudo orla da Lagoa dos Patos e incluindo também a grande POA) e Litoral Norte entre 70/90 km/h, também com valores pontuais acima nestas regiões. No Centro, Planalto Médio e Serra Gaúcha entre 50/70 km/h. Em alto mar as rajadas podem passar dos 110 km/h, o que somado com a agitação marítima, traz risco aos navegadores e inviabiliza esportes náuticos. Essa agitação marítima deve trazer ressaca, sobretudo entre o domingo e a segunda-feira, entre o litoral da Argentina, Uruguai, RS e SC e com menor intensidade nos litorais do PR, SP e RJ.