por Fernando Rafael | em Previsão | 03/10/2020 20:39

Entre agosto e o decorrer de setembro de 2020, configurou-se oficialmente o fenômeno La Niña. As anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) na região do Pacífico Equatorial nas últimas semanas, evidenciam as condições oceânicas do fenômeno (figura 1). 

Figura 1. Anomalia de Temperatura Superficial do Mar (TSM) observada ao longo do mês de setembro.

As chuvas de setembro fecharam entre a média e acima do normal na maior parte do RS, a exceção foram algumas áreas da Campanha que fecharam ligeiramente abaixo e do  extremo do norte que fecharam bem abaixo do normal. Em Santa Catarina a precipitação ficou abaixo do normal na maior parte do estado. A exceção foram as áreas do extremo sul do estado. No Paraná, o mês de setembro terminou, mais uma vez, com chuvas abaixo da média em todas as regiões. Essas informações podem observadas na figura 2.

Figura 2. Anomalia de precipitação (mm) no mês de setembro estimada por dados de satélite.

Rio Grande do Sul

O gráfico (figura 3) abaixo mostra o acumulado de chuva em Porto Alegre ao longo de 2020. O mês de setembro terminou com regime pluviométrico bem acima do normal com 224,6 mm sendo que o normal é 142,2 mm. 

Figura 3. Média climatológica e precipitação observada ao longo dos meses de 2020 em Porto Alegre.

Já Bagé (figura 4), na Campanha, fechou 86,8 mm sendo que o normal é 134,1 mm. 

Figura 4. Média climatológica e precipitação observada ao longo dos meses de 2020 em Bagé.

Em Santa Maria (figura 5), o comportamento foi semelhante ao de Porto Alegre, com chuvas acima da média no mês de setembro:

Figura 5. Média climatológica e precipitação observada ao longo dos meses de 2020 em Santa Maria.

Paraná

Em Curitiba (figura 6), na capital do Paraná, o mês de setembro terminou com apenas 31,9 mm de chuva, quando normalmente a média para o mês seria de pelo menos 119,2 mm.

Figura 6. Média climatológica e precipitação observada ao longo dos meses de 2020 em Curitiba.

E o que esperar deste mês?

A tendência é que a condição de La Niña persista no decorrer de outubro, como pode ser visto na previsão de anomalia da TSM do modelo CFS (Climate Forecast System), como pode ser observado na figura 7. 

Figura 7. Anomalia da Temperatura Superficial do Mar (TSM) prevista para o mês de outubro.

Por outro lado, a Oscilação Antártica (AAO) tem estado negativa e permaneceria assim até o fim da primeira quinzena do mês (figura 8), favorecendo a passagem de sistemas meteorológicos transientes como frentes frias, entre o RS e SC e possibilitando assim, acumulados expressivos de chuva em algumas regiões desses estados. 

Figura 8. Comportamento da Oscilação Antártica nas últimas semanas e projeção para os próximos dias.

Precipitação

Com relação às chuvas, a tendência é de que no mês de outubro, as precipitações fiquem ligeiramente acima do normal a acima do normal para o mês em áreas do sudeste e centro/leste do RS, sul e extremo leste de SC, incluindo as regiões de Porto Alegre, Camaquã, Pelotas, Criciúma e Florianópolis, em função da atuação de bloqueio sobre o Centro do Brasil, que dificulta o deslocamento de sistemas transientes (frentes frias, cavados e frentes) fazendo com que estes se desloquem  de forma mais oceânica, proporcionando períodos de maior instabilidade e temporais sobre a faixa leste. Já áreas da Campanha e do centro do RS, bem como as demais áreas do leste de SC e litoral do PR a tendência é que feche entre a média a ligeiramente abaixo da média.  Já em áreas da Fronteira Oeste, Noroeste e Norte do RS, demais regiões de SC e em praticamente todo o estado do Paraná deve entre ligeiramente a abaixo da média. Alguns pontos destas regiões pode fechar muito abaixo da média uma vez que a massa de ar seco que predomina sobre o Centro-Oeste do Brasil deve influenciar as condições sobre oeste da região Sul de forma mais preponderante, como indicam as tendências dos modelos de previsão climática do norte-americano CFS (figura 9) e do centro europeu, EPS (figura 10).

Figura 9. Projeção de anomalia de precipitação (mm) do modelo norte-americano CFS para o mês de outubro.
Figura 10. Projeção de anomalia de precipitação (mm) do modelo do centro europeu EPS para o mês de outubro.

Temperaturas

Com relação às temperaturas (figuras 11 e 12), espera-se que no mês de outubro, elas fiquem ligeiramente acima a acima do normal em boa parte do Sul do país, especialmente nos setores Norte e Noroeste do RS, Meio-Oeste de SC e em todo o estado do Paraná, com maior frequência de jornadas quentes, com temperaturas mais altas para o período, assim como de tempo seco. A exceção deve ficar por conta do centro/sul do RS, que deve ter um mês com temperaturas próximo da normalidade (região de Porto Alegre e Santa Maria por exemplo) ou levemente abaixo (Fronteira com o Uruguai e Sul gaúcho), em função da maior quantidade de dias com chuva se comparada às demais regiões, bem como o ingresso de massas de ar frio com maior frequência, embora não haja perspectiva de grandes ou intensas incursões de ar polar durante o mês. 

Figura 11. Projeção de anomalia de temperatura (°C) do modelo norte-americano CFS para o mês de outubro.
Figura 12. Projeção de anomalia de temperatura (°C) do modelo do centro europeu EPS para o mês de outubro.

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Fernando Rafael
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Meteorologista