Após uma sequência prolongada de instabilidade em áreas do Sul do Brasil e do Uruguai, episódios de chuva serão pontuais e com precipitações menos volumosas nesta reta final do mês de fevereiro
Atualizada às 14h07 minutos
O Sul do Brasil e o Uruguai juntos compõem uma grande região e por isso, apresentam muitas vezes, realidades distintas nas condições do tempo. Nas últimas semanas, no entanto, a instabilidade frequente com chuvas e temporais atingiram ambos os locais. Mesmo sob condição de La Ninã, fenômeno caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, Santa Catarina enfrentou um dos meses de janeiro mais chuvosos desde que as observações começaram e algumas áreas do Rio Grande do Sul e do Paraná também tiveram mais chuva do que a climatologia, ou seja, acima da média do observado nos últimos 30/40 anos. E a primeira quinzena de fevereiro foi marcada por mais instabilidade e episódios de chuva volumosa em alguns departamentos Uruguaios e em trechos do Sul gaúcho e Fronteira com o Uruguai e a chuva foi tão expressiva em pontos dessas regiões, que a estiagem declarada há alguns meses nesses locais foi dada como terminada.
Nos períodos em questão, uma das coisas que mais chamaram a atenção, foram os episódios pontuais de chuva excessivos de curta duração, que tem sido cada vez mais frequentes. Além disso, neste último em especial, a recorrência de atividade tornádica em regiões costeiras, sobretudo em áreas próximas a Laguna dos Patos fugiu à regra. Num período de uma semana, foram registrados inúmeras trombas d'agua (tornados sobre a água) além de tornados. E uma explicação simples e direta para todos esses eventos durante o Verão mesmo sob La Niña remete ao fato de que nesta época, o comportamento das águas na região do Pacífico Equatorial não é o único a influenciar nos padrões atmosféricos que determinam o comportamento da circulação atmosférica, inclusive no Sul do Brasil e Uruguai.
Os padrões de bloqueio atmosférico, condição persistente de uma configuração atmosférica/sinótica por alguns dias (posição dos sistemas) pode muitas vezes, impôr uma condição de instabilidade persistente para algumas regiões e de tempo seco para outras. O mesmo vale para a frequência de fenômenos como trombas d'água na semana passada que teve ligação direta com a persistência por vários dias de cavados (sistemas alongados de baixa pressão atmosférica) e vórtices ciclônicos profundos e frios - incomuns durante todo esse tempo no verão - que são centros de baixa pressão atmosférica em todos níveis da atmosfera sobre o Cone Sul, além do fluxo de umidade do oceano e fatores locais, dentre outros, contribuíram para tal situação. Em resumo, o que queremos dizer é que a atmosfera é dinâmica, complexa e ainda carece de muitos estudos, por isso, os que se arriscam a determinar/ditar o seu comportamento apenas a partir de um indicador tem chances altas de errar. Por isso, acompanhar as previsões de um Meteorologista e da Sigma Meteorologia são fundamentais para o planejamento das diferentes atividades de curto a médio prazo.
Tempo nos últimos 10 dias do mês de Fevereiro
O Uruguai e o Sul do Brasil ainda terão instabilidade neste período, mas ela será reduzida a alguns dias e regiões, além da chuva em menos volume prevista para o período. Nesta sexta-feira (19/02), o dia transcorre com tempo firme e amplitude térmica (diferença nos extremos diários de temperatura) na maioria das regiões. Ainda hoje e principalmente amanhã, uma frente fria de fraca intensidade com trajetória marítima, deve avançar pelo Oceano Atlântico sudoeste e pelo leste do Uruguai e do RS, deixando o tempo instável e contribuindo para a ocorrência de pancadas isoladas de chuva de fraca/moderada intensidade acompanhada de trovoadas em alguns pontos do Uruguai e principalmente da Metade Sul do RS ao longo do sábado (20/02). De maneira muito localizada, temporais com vento forte/granizo podem ser registrados. Em áreas do leste de SC e do PR, incluindo a região costeira e planaltos, não se descarta a ocorrência de chuvas passageiras e ocasionais, no geral, de fraca intensidade.
No domingo (21/02), o tempo fica predominantemente firme na maioria das regiões, mas em áreas das regiões anteriormente citadas, não se descarta pancadas isoladas de chuva e entre o Uruguai e o sul do RS, haverá inclusive, condição para temporais isolados. Com relação às temperaturas, no sábado, espera-se um resfriamento mais intenso à noite/madrugada em regiões de maior altitude do RS, SC e do PR e no domingo, em áreas do Uruguai em função do avanço da massa de ar seco e frio de origem polar. São aguardadas temperaturas entre 10°C/14°C nessas regiões, pontualmente inferiores em função do ar mais seco. Entretanto, em função da ampla presença do sol na maioria das regiões, as temperaturas entram em elevação e faz calor. Na próxima semana, o calor seguirá se fazendo presente, especialmente em áreas do oeste do Sul do Brasil.
Na próxima segunda-feira (21/02), o fluxo de ar quente e umidade num ambiente de menor pressão atmosférica se intensifica e favorece a formação de pancadas de chuva muito isoladas, pontualmente temporais, característicos de verão, da tarde para noite em trechos do RS e SC, incluindo áreas da Grande Porto Alegre, Planalto Médio e Serra em direção a Santa Maria (RS) e trechos do centro/leste de SC. No Uruguai, incluindo a região de Montevidéu, o avanço de uma nova frente fria já traz condição para chuva e temporais localizados ao longo do dia.
Ao longo da terça-feira (22/02), a frente fria avança pelo Uruguai, RS e por algumas regiões do centro/leste de SC e do sul do PR, deixando o tempo instável e causando chuva acompanhada de trovoadas e temporais isolados nessas regiões.
Na quarta-feira (23/02), esse sistema combinado com outros fatores ainda deve deixar o tempo instável com condição para chuvas e temporais isoladas, sobretudo em SC e no PR. No RS, o avanço de uma massa de ar seco já traz o retorno do tempo seco e firme, no entanto, ainda haverá condição para chuvas isoladas em áreas próximas a SC.
A partir do dia 25/02, o tempo seco deve predominar na maior parte do Sul do Brasil, com exceção de algumas áreas do PR que podem registrar algumas instabilidades características de verão e do leste de SC que pode ter chuvas passageiras em função do transporte de umidade do oceano para o estado. Como pode ser observado nos mapas a seguir, apesar da previsão de instabilidade em alguns períodos, na maioria das regiões, os volumes de chuva tendem a ser baixos.
Mapas de projeção de chuva
*Com exceção do modelo ECMWF, todos os mapas atualizados desta publicação podem ser acessados a qualquer momento em nossa plataforma que está com a sua última promoção acabando e com os dias contados, então corre lá e confira: Sigma Web.
