O sábado, assim como os últimos dias, foram marcados pelo tempo seco, com a predominância do sol entre poucas nuvens (a maioria delas altas) em grande parte do RS, com exceção de áreas próximas a tríplice fronteira (próximo de Uruguaiana, Barra do Quaraí e Itaqui), onde áreas de instabilidade atuam, provocando chuva e trovoadas. Embora tenha chovido razoavelmente durante o último episódio de chuvas entre o final de setembro e início de outubro, apenas o sudeste/leste do estado (em especial, a região próximo a Lagoa dos Patos) foram as mais beneficiadas, com chuvas muito mal distribuídas e de baixo acumulado no restante do território gaúcho.
E as previsões estão desanimadoras. As projeções de curto e médio prazo da modelagem numérica de previsão do tempo parecem indicar que a redução de umidade e chuvas sobre o estado e em parte do Sul do Brasil durante o meio/final de primavera, veio não somente para ficar, como ganhar abrangência nas próximas semanas. E os efeitos disso podem estar relacionados ao fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, já configurado e em processo de intensificação nas últimas semanas. Além disso, as águas do Oceano Atlântico Sul na altura do Uruguai e do RS também mais frias do que normalmente estariam, associado a outros índices climáticos, colaboram para tal situação.
Algumas áreas do RS, com exceção da faixa leste, já vem apresentando uma drástica redução no regime de chuvas desde o final do inverno climático (agosto), com a continuidade desse padrão sendo observada desde então nessas áreas. Pelas últimas projeções, o mês de Outubro teria chuvas próximas ou um pouco acima da média em áreas do leste e do sudeste, muito abaixo da média em pontos do oeste, noroeste e norte e um pouco abaixo da média nas demais regiões do RS. Em novembro, pela atualização atual, todas as regiões do estado teriam chuvas abaixo da média, sendo muito abaixo da média em pontos da Fronteira Oeste e em pontos da Campanha. E as projeções para o mês de Dezembro seguem na mesma tendência, indicando alerta de estiagem para algumas áreas, sobretudo entre o Oeste, Noroeste e Norte do RS, por exemplo, o que seria péssimo para o desenvolvimento de muitas culturas e poderia trazer impactos diretos na produtividade da próxima safra de verão.
Além disso, os últimos dados também sugerem que o fenômeno La Niña (resfriamento das águas do Pacífico Equatorial) se intensifique no decorrer do próximo Verão (trimestre DJF), com anomalias de TSM podendo chegar até -2°C. As águas do Atlântico Sul, próxima a costa da Argentina, Uruguai e Sul do Brasil, no entanto, apresentariam anomalias positivas, que somado a outros índices, poderia impactar de maneira diferente no regime de precipitação nesta região durante a próxima estação, situação que deve ser acompanhada e que você terá novas atualizações aqui na Sigma Meteorologia.
Próximos dias: temperaturas em elevação e pouca chuva
Neste domingo, sobretudo entre a madrugada e manhã, alguns pontos do Uruguai e da Fronteira do RS com o país e do extremo Sul do RS, podem ter algumas pancadas de chuva e que eventualmente podem vir acompanhada de trovoadas (sem descartar temporais), mas que deverão ser muito isoladas, mesmo nessas regiões. No restante do estado e também do período, o tempo seco prevalece em todas as regiões do RS e do Sul do Brasil (com exceção de áreas do nordeste de SC e do leste do PR) e em função do céu com ausência de nuvens e insolação mais intensa desta época, além do ar mais seco, as temperaturas sobem ainda mais que neste sábado, com calor em diversas áreas, especialmente em áreas do Oeste, Campanha, Centro e Noroeste do RS.
Entre segunda (19) e terça-feira (20), um sistema de alta pressão de bloqueio em médios níveis deve se intensificar sobre o Sul do Brasil, assim como a massa de ar quente em superfície e como consequência, o transporte de ar quente sobre a região, à medida que uma nova frente fria e logo em sua retaguarda de uma massa fria, se aproxima da Argentina, Uruguai e Fronteira com o RS no decorrer da próxima terça. Desta forma, espera-se uma jornada de muito calor e altas temperaturas, como pode ser observado nas figuras abaixo:
Como de costume nessa época, a massa de ar frio seria “desviada” para o Oceano Atlântico na altura da Argentina e alguma instabilidade entre o final da terça-feira e no decorrer da próxima semana, se concentraria em áreas da faixa leste do RS, de SC e do PR em áreas do Uruguai, enquanto o interior do continente, incluindo boa parte do Sul do Brasil, ficariam sob tempo mais seco e temperaturas mais altas, sob influência da massa de ar quente e mais seca que continuaria atuando sobre essas regiões. Nas regiões onde haveria condição para chuvas e que estariam sob a atuação de ventos mais frios do quadrante leste, associados a massa fria sobre o oceano, as temperaturas ficariam mais amenas, no restante do estado e do Sul do Brasil, especialmente as áreas mais à oeste, o calor seguiria firme e persistiria por mais alguns dias.
Obs: Imagem de capa desta matéria: Falta de chuvas colocou safras em risco no RS na última estiagem (Março/2020, fonte: Jornal A Hora).
